Bem que eu gostaria que fosse um rodízio de pizzas, para nós professores nos deliciarmos, em comunhão após o culto. Porém, não é deste rodízio que me refiro aqui (apesar de muitas vezes tudo acabar em pizza), mas do dito cujo rodízio de professores de crianças nas igrejas, a febre das imensas escalas de “professores” que se prontificam para “ficar” com as crianças uma vez por mês, para não “perder o culto”, ou a “benção” ( benção se perde?).
Igrejas que agem desta maneira, precisam rever, em oração, sua visão ministerial com crianças, pois coma escala pensa-se em todos, menos na própria criança.
Ela é a única prejudicada nesta história toda, principalmente os menores (0-5 anos), pois as crianças, precisam de um referencial, de um professor, um ministro espiritual (não cuidador ou babá), que caminhe com ele. A criança precisa ter um relacionamento, uma koinonia com este professor, é preciso conquistar a sua confiança, sua amizade, ter diálogo aberto com a criança, conhecer e fazer-se conhecido, tudo isso e muito mais, é fundamental para o aprendizado, crescimento e desenvolvimento da criança, espiritual, social e emocional. Para a criança, a cada domingo ver um rosto, uma voz, um procedimento diferente, prejudica o seu desenvolvimento e o trabalho proposto. Desta maneira não há condições de se fazer um trabalho gradual, progressivo, de ensino e discipulado com as crianças.
Jesus não discipulou seus seguidores, encontrando-se com eles uma vez por mês, durante 3 a 4 horas. Muito pelo contrário, Jesus andou, conviveu com seus aprendizes dia a dia, não somente falando mas sendo exemplo. Se Jesus agiu assim, era porque era e ainda é o melhor.
Um pastor de ovelhas pode pastorear o seu rebanho aparecendo no aprisco uma vez por mês? Ele faz revezamento com outros pastores? De maneira alguma, ele ama as suas ovelhas, cuida, zela por suas vidas, elas reconhecem a sua voz (João 10:4), conhecem o seu pastor.
O pastor na igreja reveza com outros pastores o seu púlpito? Faz escala no pastoreio da igreja e nas pregações? (salvo as igrejas com muitos membros, mas mesmo assim tem o pastor principal, a referência). O ministro de louvor aparece uma vez por mês? Pelo contrário, revezam-se os músicos e cantores, mas ele o líder está sempre presente.
Realmente eu não consigo entender e aceitar esta prática ( o rodízio) que se tornou tão "normal" nas igrejas. Eu nasci na igreja e sempre tive professores que ficavam em nossa classe o ano inteiro, eu mesma como professora na escola dominical boa parte da minha vida, sempre fiquei o ano todo com a minha turminha, e não me falta nenhum pedaço, estou vivinha, pelo contrário, creio que aprendi e cresci muito com o Senhor Jesus,pois para ensinar a bíblia as crianças, precisa-se estudar muito a palavra de Deus.
Creio que o medo da liderança em deixar seus professores direto o ano todo, é o medo de ter que beber do seu próprio veneno, pois quando os professores não são preparados, ficam enrolando as crianças, realmente é uma perda geral, para as crianças e para o professor, ninguém cresce, ninguém aprende nada. Então é mais fácil fazer rodízios imensos, escalas imensas, e ninguém se compromete com nada, nem com o seu próprio crescimento e nem com o crescimento das crianças.
Por que esta mentalidade egoísta tem prevalecido a respeito de nossas crianças? Do ministério infantil? Por que fazemos as crianças o que não fazemos aos adultos? Que o Senhor Jesus abra os olhos de sua igreja e quebrante os corações endurecidos por amor dos seus pequeninos. Amém.
Claudia Guimarães
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